fevereiro 20, 2006

Relações

O dia começa durante as escadas. Naqueles cinco andares quanto suor quantos degraus pisados? O Doutor Spleen não gosta de elevadores e não gosta de quem gosta de elevadores. Os seus ajudantes, incapazes de perceber suficiente matemática para definir uma operação transitiva, sabem por experiência ser ajuizado acompanhar aquele passo rápido que, em cada repetição, deixa um degrau por pisar (para ser exacto, os degraus ímpares se assumirmos o primeiro de cada lance como o degrau zero, por onde ele teima em começar). Degrau zero é, aliás, uma expressão usada por Spleen nos mais inesperados momentos e que designa, segundo Kong sénior, o menor elemento da cadeia que é preciso esmagar (não há consenso, porém, nesta interpretação). Kong sénior pensa muito neste assunto durante as repetidas insónias à luz brilhante do meio-dia (que as persianas quase seculares não conseguem deter) e cuja relevância temática é multiplicada pelos cento e quarenta quilos de músculo e gordura que carrega nestes fins de noite.

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