novembro 17, 2006

Cultura e genética (parte II)

Certas espécies de ratos adquirem preferências por comidas a partir de outros ratos. Isto é um tipo de herança cultural: dois grupos de ratos alimentam-se de diferentes comidas e esta diferença é transmitida por aprendizagem. Este mecanismo designa-se por «melhoria local»: os adultos criam um ambiente onde facilitam a aprendizagem dos jovens. Isto contrasta com a «aprendizagem observacional», na qual um animal observa a acção de outro e o copia. A maioria dos animais parece incapaz de aprender por observação mas dificilmente se pode acreditar que toda a transmissão cultural no reino animal se baseia na melhoria local. Por exemplo, em certas zonas da Grécia, há águias que se alimentam de tartarugas. Como são incapazes de lhes quebrar a carapaça, apanham-nas e largam-nas muito acima para caírem sobre as rochas. Parece ridículo afirmar que apenas na Grécia as águias estão programadas geneticamente para fazer isto a tartarugas. Uma águia poderá aprender por melhoria local que há carne por debaixo da carapaça, mas apenas por observação local podem elas aprender a estratégia que lhes dá acesso a essa carne.

A distinção entre melhoria local e aprendizagem observacional é importante porque apenas pelo segundo mecanismo é possível ter alterações cumulativas na respectiva cultura. Por aprendizagem observacional pode-se aprender os velhos truques como também, acaso um individuo encontre um novo e melhor truque, este possa ser copiado pelos restantes. O efeito é uma continuidade na mudança, permitindo que vários possam usar um truque que, de outra forma, nunca teriam oportunidade ou tempo de o obter. [cont.]

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