dezembro 18, 2006

Babel

Não existiriam pessoas sem comunicação. Poderiam existir seres humanos, como existem bactérias ou algas azuis ou fungos gigantes. Claro, estas e outras decisões bioquímicas relevantes e mui estruturais foram tomadas há mais de mil milhões de anos por indivíduos que não se pareciam nada connosco (uns nossos avós, por assim dizer) mas que não sabiam o que andavam a fazer (também um pouco como os nossos avós). A comunicação permitiu o construir das culturas, a troca de saberes recolhidos, a sua inevitável acumulação. O Dr. Spleen pensa no custo (que sabe, por experiência, ser uma pergunta a colocar sempre) deste projecto comunicacional. Que o mundo é complexo é algo que, por muito óbvio que pareça, nunca é demais repetir. Que a comunicação está restrita à capacidade do canal utilizado já não é tão óbvio mas é igualmente crucial. Porque significa não ser possível transmitir ao outro todas as nuances, os cinzentos, as diferenças que o mundo imprime sobre o nosso entender. Daí a ambiguidade e o desencontro, o equívoco. E do equívoco, a um mero passo, a guerra, o genocídio, a indiferença.

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