janeiro 29, 2007

Equivalências

Um qualquer ente precisa de estabelecer fronteiras, de desenhar (consciente ou não) o mapa a indicar por onde seguir. Mas antes de arrumar o universo em três partes, ou seja, entre o que é bom, o que é mau e o que é neutro, tem de se separar do ruído do mundo, escapar da sopa uniforme a que tendemos, e ganhar forma, interesse ou função. Só então o outro é possível, só então os detalhes do contexto se tornam necessários proibidos ou indiferentes. O Doutor Spleen acha o mesmo da moral. Porém, considera, com alguma tristeza conceptual pelo constatar das suas certezas, que a necessidade de classificar as coisas deveria sempre ser motivo de uma consequência - como na sobrevivência da vida ou de um povo - e não uma causa por si mesmo construída. Uma exigência não é um desejo e, com maior ou menor relutância dos visados, o quente de um corpo vivo que se rasga é, por vezes, igual ao calor da fogueira que se alimenta.

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