abril 02, 2007

Desenho

A vitória é nada se a derrota for nada. Como atingir algo quando o esforço, o sacrifício ou a perda não existem como oposição e preço? Não é só o sangue fervente do desafio que faz desfrutar uma conquista mas também saber que em alternativa se oporia um imenso descalabro ou um vazio. Como dizer ser preciso fazer algo se, caso falhe, tudo ficar na mesma? Para o Dr. Spleen os planos de actuação perfeitos não são jogadas sem possibilidade de derrota, são apenas estratégias limpas da falha própria de quem as desenha. Há sempre um outro, o adversário que pode - porque o mundo é complexo, largo, de um rol de ilimitadas possibilidades e regras por descobrir - encontrar um caminho melhor, que o vença sem a mácula do erro fácil e humilhante. Por outro lado, nada que o motiva é aleatório, há sempre uma linha a atingir, um objectivo, que lento, se modela. O Dr. Spleen sabe que ser-se irrelevante é pior que ser-se vencido e é nessa certeza que as escolhas que comete aos outros são, em larga medida, um constante lutar contra essa força natural que comete tudo à sopa morna e informe do futuro longínquo, que apesar de inevitável é adiável nas nossas mãos.

1 comentário:

Isabela Figueiredo disse...

Estes textos são pequenas teses. E são muito bons. Na verdade, sem derrota não é possível conhecer o sabor de uma vitória.