abril 16, 2007

Verniz

Existe uma tensão entre os sons que o mundo emite. Entre constâncias e cacofonias, entre a ordem e o aleatório, um verniz de sinfonia, de vida e organização reveste a sociedade nos seus equilíbrios auto-sustentados. O silêncio não é ausência, é apenas o retornar de uma ordem estéril sobre o complexo, de uma pausa sobre aquilo que avança (ou recua), um ponto fixo que não atrai. Encostado à mesa das jóias, as duas mãos suspensas na madeira antiga e cercadas por pérolas soltas de um anterior fio, o Dr. Spleen observa o espelho imaculadamente limpo pela criada que agora se estende imóvel pela cozinha. Os proprietários da vivenda, esses, encontram-se presos no porão. Um deles, o homem, parece agora acordar pelos gemidos e inícios de socorro que começam lá de baixo. Mas a distância transforma mensagens em nadas e na mente de Spleen apenas o silêncio filtrado do seu rosto pronto, se pudesse, a colocar uma questão, porque que tipo de respostas poderia um reflexo dar?

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