julho 04, 2007

Limites II

[«] Quanto ao limite superior. Há, pelo menos, duas situações futuras, ambas hipotéticas, onde esta questão terá eventualmente de ser levantada. Uma é o contacto ou recepção de sinais de uma civilização extraterrestre. Como defender a unicidade do pensar no Homo Sapiens? Poderíamos, e como argumento de recurso, defender a especificidade do nosso pensar. Mas não seria isso a frágil defesa de um antropocentrismo latente? Podemos defender a especificidade do pensar ocidental, europeu, português, lisboeta ou benfiquista. Cada mistura que somos vê, objectivamente, o mundo de forma diferente. Mais, cada um de nós é uma órbita que muda ao longo dos anos, havendo, se tanto, uma ténue invariante a que nos acostumamos chamar de 'eu' (uma comparação talvez apropriada ocorre com o corpo, onde a percentagem de células que tínhamos no momento do nascimento e que ainda mantemos é zero por cento, ou quase). Mas essa diferença não se compara com o que partilhamos no que toca à cognição em si. Podem a maioria das diferenças sobreviver a uma análise que separe o necessário do contingente no acto de pensar? E encontrando esse conjunto em comum (como? boa pergunta), ele não seria sinónimo da nossa espécie. Existe uma diferença entre ser Homo Sapiens e ser uma pessoa. Ser uma pessoa não necessita, à priori, de um corpo humano (como não necessitava, antes, de se ser homem, cidadão da pólis, branco, cristão ou literato) e este especismo latente, se hoje ainda não é urgente para a maioria, teria de ser abordado num destes hipotéticos futuros. Falaremos a seguir da segunda possibilidade.

2 comentários:

Kamaroonis disse...

Desculpa? Pensar Benfiquista? Não estará aí, digamos..., uma contradição! :)
Não resisti...

João Neto disse...

:-)