outubro 11, 2007

Semelhanças

[«] Será o corpo estratégico para definir a mente (humana)? O corpo como um todo não pode ser. Se perder um braço, uma perna, se me derem um coração ou um fígado artificial, continuo a existir enquanto pessoa, apenas alterado pela experiência da perda (mas isso ocorre, em maior ou menor grau, com qualquer experiência). Não pode ser também um sentido em particular. Os cegos, os surdos, os mudos são pessoas inteiras apesar da sua limitação sensorial. Um ser humano privado de qualquer contacto com o exterior (mesmo Hellen Keller possuía o tacto) dificilmente se poderá tornar uma pessoa pela incapacidade de aprender e sociabilizar, mas isso não diz respeito a um sentido humano em particular. Alguém hipotético cujo único sentido fosse um sonar ou um sensor térmico poderia, em princípio, comunicar e desenvolver-se. Assim, o que fica do corpo, do nosso corpo humano? O cérebro. Por isso arrisco reformular a pergunta em duas versões: (a) Será o cérebro humano estratégico para definir a mente humana? (b) Será o cérebro estratégico para definir uma qualquer mente? À pergunta (a) digo que sim quase por definição (lendo estratégico como necessário). À pergunta (b) digo que não por não parecer razoável sermos a única espécie capaz de possuir uma mente (um especismo que nos apresenta uma hipótese de trabalho demasiado restritiva). Uma implicação disto é que, num computador, não poderia ser executada a dinâmica de uma mente humana. Mas poderia ser executada uma outra mente que se lhe pareça - e voltamos à questão da aproximação.

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