outubro 06, 2008

Foco

A distância entre nós próprios e os outros é maior do que se imagina. Como construir uma ponte entre duas trajectórias? Como edificar um só momento de integral compreensão quando o que nos define é, em si, um fantasma, um conceito que se estilhaça quando o observamos de perto? Na contabilidade de se julgar a si e aos outros, quantas oportunidades para falhar, quantos erros a fazer, quão grandes esses erros? Mesmo assim, apesar do nevoeiro e desse vento que nos rodeia, segura-mo-nos em princípios e preconceitos que dão sentido e decisão aos caminhos que nos deparam. Uns aprendem-se outros decoram-se, uns resultado de raciocínio, experiência e argumento outros pouco mais que frases antigas há muito iteradas. O Dr. Spleen reconhece que entre respeitar uma opinião e a pessoa que a profere mete-se, mesmo que à justa, um mundo. Mas onde termina a Palavra e começa a Pessoa? Sacralizar - palavras, pessoas - é a acção que leva à asfixia estéril da imobilidade. Assim, para evitar um qualquer equívoco, Spleen não admite mais que o corpo à vitima que dá voz a esses princípios ou preconceitos Nesse preciso momento em que tudo se reduz ao ponto focal da sobrevivência.

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