outubro 13, 2008

Tudo ou Nada

O analógico é vulnerável como o corpo: o tempo decompõe-no, desfigura-o num processo de erosão e envelhecimento. Essa transfiguração, porém, é contínua, suave, uma sequência de pequenas diferenças que perdem, pouco a pouco, a mensagem inicial, mas que no nevoeiro do ruído que o substitui sobra algo mais que sombra e ecos. No digital tudo se mantém estável, intocável, perene. Só que a dependência do contexto, dos formatos, de leitores específicos de uma complexidade crescente, criou um caminho sem saída. E tornar-se-á inimitável se, ou quando, um dia perdermos os algoritmos e essas máquinas que os evocam.

1 comentário:

Anónimo disse...

O que se perde, sempre pode retornar, ou, o que não retorna, cria-se como que do nada, e por isso o nada é tudo o que garante que o passado pode ser tão surpreendente quanto o futuro. Perder é o que permite a possibilidade de reencontrar, o nada é infinitamente fértil, e o tudo é estéril. O que perdemos, sempre nos incomoda.