novembro 12, 2009

As Regras do Jogo

O Dr. Spleen examina, ponto a ponto, as regras que dele os outros estimam que respeite. Desde a infância que o seu corpo (esse inevitável que não encontrou forma de se abster) o força às pulsões do animal que o encerra, aos padrões visíveis na projecção do mundo, ao imitar o normal dos outros, à atracção para o centro de gravidade que a maioria receia se afastar. Depois, as normas, escritas ou implícitas, da sociedade, essa fronteira que rejeita e castiga que não lha obedece ou pertence por direito ou decreto. Também aqui uma força normalizadora, uma imensa fábrica de robots - infectados pelo vírus de uma consciência negociada - ocupada a fazer mais robots. Por fim, as leis de Física, da Química, do que faz os quarks à gravidade. Excepto por estas últimas e pelo aceitar da linguagem (esta, uma derrota que admite) Spleen não segue nem respeita mais nenhuma regra. E nessa distância aos outros, um encenar, seu, de gestos, decisões e ideias, quase todas perturbantes pela ausência do uniforme cheiro dessa besta que é o normal. E nessa distância, uma arma.

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