março 12, 2012

Atribuição

Um modelo científico não é verdadeiro ou falso. Ele pode ser adequado à evidência relevante, passível ou não de estabelecer predições, coerente internamente e ainda, espera-se, compatível com o corpo científico relacionado. É sobre estas propriedades que devemos avaliar um dado modelo, não se ele corresponde à verdade. Qualquer modelo, qualquer conceito dele derivado, qualquer crença estruturada, é uma narrativa, um conjunto de construções cognitivas socialmente construídas e biologicamente limitadas. O mesmo não se pode dizer dos respectivos referentes, aos quais apenas temos impressões indirectas, projecções incompletas sobre os efeitos que produzem. Esta é a componente real que tentamos entender e sobre a qual há pouco a dizer (imagino a epistemologia como um corpo de conhecimento imensamente maior que o da ontologia). E este entendimento é procurado seja através das impressões subjectivas do que é a verdade -- pelo respeito da tradição, pelas diversas convicções colectivamente chamadas fé --, seja através da abordagem empírica e racionalmente crítica que designamos por método científico. Ou, muitas vezes, por uma mistura das duas.

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